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Aditivos na Aquicultura Nucleotídeos livres

Aquicultura: o uso de Aditivos na Produção

Autores:

Alexandre Carvalho Wakatsuki – Zootecnista – Consultor Técnico em Aquicultura – ZooPeixes Consultoria

Vanessa Olszewski – Médica Veterinária – MSc. Nutrição de Monogástricos UFPR – Coordenadora Técnica Aleris Nutrition

A intensificação da produção de peixes no Brasil é uma atividade em expansão e mostra a necessidade de buscar a eficiência em seus processos e procedimentos no que diz respeito a ambiência, espécie, alimentação e sanidade, a fim de tornar uma atividade sustentável e economicamente viável.

A adoção de tecnologia é fundamental para que esses objetivos sejam alcançados, tendo sempre como referência que a base da produção são: manejo, genética e nutrição da espécie cultivada.

 

Quando pensamos em nutrição para peixes, diversos estudos são feitos para conhecer e entender como aplicar a melhor metodologia na produção, para ter o seu máximo ganho em resultado zootécnico e econômico. Para isso é necessário encontrar e definir exigências nutricionais de cada espécie de peixes.

Dentro desse estudo, no popular, a primeira pergunta referente a parâmetro atribuída para a ração para peixes é o valor da proteína, e dentro desse contexto temos que entender e direcionar toda a atenção para os níveis de aminoácidos essenciais que irão compor a dieta com o objetivo de obter o melhor resultado em crescimento da espécie.

Hoje muito se fala em proteína bruta e ou aminoácidos totais, no entanto, a melhor maneira de qualificar e quantificar uma ração é através da proteína digestível, ou melhor, em aminoácidos digestíveis da formulação.

Com relação as proteínas, podem-se destacar os aminoácidos. O conhecimento de sua digestibilidade nos ingredientes utilizados é fundamental para considerar um produto de máxima eficiência que trará benefícios tanto ambientais, emitindo menos resíduo de substancias via excreta, como promovendo uma melhor performance no animal, sendo ainda fundamental que a avaliação do custo versus benefício seja tecnicamente viável.

Para a composição da proteína, as fontes disponíveis para uso na dieta de rações para peixes são: farelo de soja, farelo de amendoim, farinha de peixe, farinha de vísceras de frango, farinha de penas hidrolisadas, farinha de carne e osso, farinha de sangue, hemoglobina, glúten de milho, DDG de milho e outros.

Atrelado a esta condição, é essencial conhecer as matérias-primas e seus fornecedores para que o produto siga conforme estabelecido na matriz nutricional do programa de formulação. Dentro de um mesmo tipo de ingrediente podemos ter diversos preços e qualidades diferentes, como por exemplo a farinha de carne e ossos.

O segundo parâmetro que devemos observar é o nível de extrato etéreo ou gordura, que é uma excelente fonte de energia para peixes e que juntamente com os carboidratos da dieta, compõe a parte energética.

Os carboidratos conferem a contribuição com o desempenho dos animais em suas atividades produtivas e como alguns desses ingredientes trazem o amido em sua composição, também auxiliam no processo de produção da ração (extrusão).

Com esta atribuição, podemos destacar uma ampla gama de insumos, como: milho, sorgo, milheto, farelo de trigo, quirera de arroz, farelo de arroz que ajudam a compor a parte de energética da ração.

Existe uma relação ideal de energia: proteína na fórmula e para que não ocorra um desbalanceamento no consumo e absorção dos nutrientes e prejudique a performance ou acúmulo de gordura no animal, é necessário atenção no momento da produção da ração para que a quantidade de gordura e carboidratos não causem desbalanço na relação energia: proteína ideal.

Alguns ingredientes proteicos trazem uma boa quantidade de gordura que ajudam na composição junto com a adição de óleo de soja, de peixe, de frango e etc. Mantendo esse equilíbrio, o peixe apresentará uma boa formação muscular e ou bom rendimento de filé, com baixo acúmulo de gordura corporal.

A adição de quantidades adequadas de vitaminas e minerais -premix vitamínico-mineral- nas dietas complementa as exigências nutricionais de cada espécie e podem contribuir na melhor condição de desenvolvimento do peixe, através da otimização da absorção dos nutrientes e contribuindo nos processos fisiológicos do animal.

Outros parâmetros também devem ser citados como fibra bruta, que se caracteriza pela quantidade de fibra que compõe a fórmula. Como a maioria das espécies de peixes produzidas não são herbívoras, é fundamental ficar atento a inclusão nas rações para que uma alta quantidade de fibra talvez não interfira na digestibilidade. É importante sempre entender a capacidade da espécie que vai ser cultivada para poder deixar o nível ótimo para que trabalhe a condição ideal da movimentação e saúde intestinal. 

A matéria mineral (cinzas) é o que sobra dentro do processo e acaba não sendo aproveitado pelo organismo, e por isso quanto menor o valor deste item no laudo de laboratório melhor seria a qualidade do produto.

Já a umidade é outro item sempre observado nos rótulos e para uma boa estabilidade de produto no armazenamento é necessário que não exceda a 10-12% de umidade, para evitar perdas de ração por mofo e bolores à campo.

Ainda existe a necessidade de entendermos melhor as matérias-primas e mais detalhadamente os produtos dos fornecedores para ter parametrizado os principais índices de escolha na estratégia alimentar.

Quando temos os dados precisos, fica mais claro o direcionamento de qual caminho ou estratégias seguir. Exemplo disso é que o aditivo irá alcançar seu potencial máximo econômico quando soubermos usar para potencializar os ganhos nutricionais.

Os aditivos devem ser usados com conhecimento e muito pautado na estratégia alimentar e ou ambiental para otimizar a produção, além de seguir a regulamentação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) sob a instrução normativa 13/04 (alterada pela Instrução normativa n◦ 44/15). Também, é importante exigir dos fornecedores de aditivos informações claras sobre o produto e as análises necessárias para garantir sua efetividade.

Dentro desse contexto, temos como principal desafio entender qual o problema que o animal será exposto, levando em conta a fase de cultivo, o sistema de produção e a época do ano. Ter esse conhecimento no auxiliará a incluir o aditivo correto e na inclusão indicada para minimizar o desafio ou problema ocasionado por fatores sanitários ou mesmo de manejo.

Existem vários tipos de aditivos, conforme ilustrado na Tabela 1, sendo cada um com sua especificidade e por isso é importante entender e ter clareza da melhor estratégia para efetuar a aplicação no campo.

Tabela 1. Aditivos utilizados em dietas animais.  

Tipo

Características

Funções

Tecnológicos

Qualquer substância adicionada à dieta com fins tecnológicos, tais como conservantes, antioxidantes, adsorventes, entre outros (Cavalheiro, 2014). Influenciam a estabilidade do alimento (Cheeke, 1991).

Adsorvente, aglomerante, antiaglomerante, antioxidante, antiumectante, conservante, emulsificante, estabilizante, espessantes, gelificante, regulador da acidez e umidificante.

 Sensoriais

Substâncias adicionadas ao produto para melhorar ou modificar suas propriedades organolépticas ou as características visuais dos produtos (Cavalheiro, 2014).

Corante, pigmentante, aromatizante, palatabilizante.

Nutricionais

Substâncias utilizadas para manter ou melhorar as propriedades nutricionais do produto (Cavalheiro, 2014).

Vitaminas, provitaminas e substâncias quimicamente definidas de efeitos similares, oligoelementos ou compostos de oligoelementos, aminoácidos, seus sais e análogos, ureia e seus derivados.

Zootécnicos

Substâncias utilizadas para influir positivamente na melhora do desempenho dos animais (Cavalheiro, 2014). Modificam o desempenho animal, eficiência alimentar, o metabolismo (Cheeke, 1991).

Digestivos, equilibradores de biota, melhoradores de desempenho, e nutracêuticos ou funcionais.

Anticoccidianos

Substâncias medicamentosas utilizadas para prevenção de coccidiose, muito utilizado na dieta de animais jovens e monogástricos (Cavalheiro, 2014). Modidifcam o estado de saúde animal (Cheeke, 1991).

Prevenção e tratamento de patogenia

Fonte: Adaptado de CAVALHEIRO et al. (2014).

Quando pensamos nas diferentes estratégias de uso, podemos pensar em diferentes formas de aplicação como:

  • Aditivos zootécnicos e anticoccidianos: usar de forma preventiva.
  • Aditivos tecnológicos e nutricionais: possuem uma ação de otimização da nutrição e devem ter um uso regular, contribuindo para uma melhora nos resultados dos índices zootécnicos.
  • Aditivos probióticos: necessário ter conhecimento no seu modo de ação e entender a diferenciação entre eles, como ilustrado na Tabela 2.

 

Tabela 2. Diferenças básicas entre microrganismos probióticos, biorremediadores e biocontroladores.

Modo de ação

 Local de atuação

Efeitos diretos

Efeitos indiretos

Probiótico

Animais

Alteração da microbiota intestinal, melhoria da saúde animal

 Melhoria na qualidade da água, eficiência alimentar e índices zootécnicos

Biorremediação

Ambiente de cultivo (parâmetros físicos e químicos)

Redução da amônia, nitrito, nitrato, aumento da capacidade de oxidação da matéria orgânica presente

Melhoria na saúde animal

 Biocontrole

Ambiente de cultivo (microrganismos presentes)

Redução de microrganismos com potencial patogênico na água e no biofilme

Melhoria na saúde animal

Fonte: Adaptado de MOURIÑO et al., 2012.

Outra linha de aditivo que pode ser usado para ajudar em desafios sanitários são os óleos essenciais, nutracêuticos e ou extratos vegetais, como descritos na Tabela 3:

Tabela 3. Extratos vegetais e propriedades:

Espécie vegetal

Elemento utilizado

Principal composto

Funcionalidade

Noz moscada

Semente

 Sabinina

Estima a digestão

Canela

Casca

Cinemaldeido

Estimula apetite, digestão e antisséptico

Cravo

Semente

Eugenol

Estimula apetite, digestão e antisséptico

Pimenta vermelha

Fruto

 Capsaicina

Anti-inflamatório e estimulante

Mostarda

Semente

Allyl isothyocianato

Estimula a digestão

Gengibre

Raiz

Cingerol

Estimulante gástrico

Alho

Bulbo

 Alicina

Estimulante de digestão e antisséptico

Alecrim

Folha

Cineol

Estimulante da digestão e antioxidante

Sálvia

Folha

Cineol

Estimulante da digestão e antioxidante

Louro

Folha

Cineol

Estimulante de apetite e digestão

Orégano

Folha

Carvacrol e thymol

Ação antimicrobiana

Fonte: Adaptado de SANTOS et al. (2009b).

Pensando na linha de produtos que ajudam na saúde intestinal temos o importante papel das leveduras, que podem ser oriundas dos substratos de cana-de-açúcar, cerveja e de panificação. Esta classe de produtos entra na parte da nutrição como componente para incrementar o perfil de aminoácidos e, dependendo do tipo de processo efetuado, podem auxiliar na parte da saúde intestinal, atuando como prebióticos.

Quando partimos para um objetivo mais específico, podemos trabalhar com os produtos concentrados onde os principais componentes são: beta-glucanos, mananoligossacarídeos e nucleotídeos.

 Tabela 4. Leveduras e seus derivados.

Tipo

Atuação

Levedura inativa

Ação básica como componente proteico na nutrição

Levedura Autolisada

Devido ao processo de autólise tem alta digestibilidade, sendo rica em aminoácidos como ácido glutâmico e peptídeos, além da maior disponibilidade dos componentes da parede celular como mananoligossacarídeos e beta-glucanos

Parede Celular de levedura

Produto purificado obtido após o processo de autólise, sendo uma fonte concentrada de beta-glucanos e mananoligossacarídeos

Beta-glucanos

Os beta-glucanos são capazes de alterar no animal a resposta biológica pela ação no sistema imune, auxiliando as células normais a produzir mensageiros químicos (mediadores) que melhoram a capacidade do sistema imunológico de identificar e produzir substâncias de defesa.

Mananoligossacarídeos (MOS)

O MOS é capaz de aderir-se às bactérias patogênicas no intestino do animal, impedindo que estas iniciem um processo de colonização, ou ainda modulando e preparando o sistema imunológico para proteção contra um processo infeccioso (SHANE, 2001).

Nucleotídeos livres

Os nucleotídeos livres exercem efeitos benéficos aos animais com ação no crescimento e desenvolvimento intestinal (WU et al., 2018) e estímulo a irrigação do tecido intestinal (BUSTAMANTE, 1990), além de acelerar a mitose e diminuir a apoptose dos enterócitos, devido à ausência (SAVAIANO e CLIFFORD, 1981) ou limitação (LELEIKO et al.,1983) da síntese de novo.

Fonte: Aleris 2020.

Em resumo, quando avaliamos com atenção para a produção e temos a consciência dos desafios enfrentados no dia a dia e buscamos avançar no conhecimento, tecnologias e ferramentas disponíveis podem minimizar os impactos nocivos que acontecem no cultivo de peixes.

Autor

Aleris Nutrition

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